O que é Racionalismo? Resumo Completo em 10 Passos
Qual é a diferença entre a sorte de quem acerta um palpite e o conhecimento de quem estuda os fatos?
Em outras palavras, qual é a natureza do conhecimento?
Nesse sentido, a epistemologia é o braço da filosofia dedicado a trabalhar para responder essa pergunta. Seu objetivo é estudar a natureza, as fontes e os limites do conhecimento.
Dentro da epistemologia existem duas teorias que explicam de formas distintas como podemos adquirir conhecimento de forma confiável.
Essas teorias são: empirismo e racionalismo.
Nesse artigo, vamos estudar o que é racionalismo através de 10 passos práticos:
- O que é Racionalismo?
- Importância Histórica;
- Exemplos Práticos;
- Principais Pensadores;
- O Racionalismo de René Descartes;
- O que é Inatismo?
- O que é Método Dedutivo?
- Método Cartesiano.
- O que é Empirismo?
- Racionalismo vs. Empirismo.
Vamos lá?
O que é Racionalismo?

Racionalismo é um sistema filosófico que considera a razão como principal fonte do conhecimento.
Dessa forma, os pensadores racionalistas acreditam que a realidade tem uma estrutura intrinsecamente lógica.
Segundo o racionalismo, por exemplo, os princípios racionais baseados na matemática, na ética e na metafísica são verdades incontestáveis.
Então, qualquer tentativa de negação desses conceitos faz com que se caia em contradição.
Assim, a confiança na lógica do sistema racional é tão grande que a prova empírica, a experiência sensorial e a evidência física são consideradas desnecessárias para apurar certas verdades.
Importância Histórica do Racionalismo.

O racionalismo tem profundas raízes históricas.
Nesse sentido, sua descoberta define o nascimento da filosofia em várias culturas.
Os gregos antigos como Platão e Pitágoras, por exemplo, argumentaram que a realidade é caracterizada por alguns princípios lógicos básicos.
Então, ao passo que conhecemos esses princípios, podemos derivar deles verdades adicionais sobre a realidade.
No entanto, outros gregos discordaram. Aristóteles, por exemplo, baseou grande parte de sua filosofia na observação. Ele era fascinado pelo mundo natural e passava grande parte do tempo colhendo amostras de plantas e animais; de certa forma, ele foi o primeiro biólogo moderno.
O método de Aristóteles é, obviamente, baseado na observação e, portanto, é uma espécie de empirismo.
Além disso, o racionalismo de Platão provou ser de extrema importância para o Islã medieval quando filósofos muçulmanos procuraram inspiração em Platão.
Tanto o racionalismo quanto o empirismo tiveram um papel importante na Revolução Científica.
Empiristas fizeram experimentos e fizeram observações, por exemplo, olhando através de telescópios.
Mas muitas das descobertas mais importantes foram feitas através da análise racional, através de experimentos inspirados pela razão e pela intuição.
Exemplos Práticos.

Para entender melhor o que é racionalismo, tome por exemplo a teoria da gravidade.
Isaac Newton desenvolveu sua teoria através da relação matemática entre objetos em queda e planetas em órbita. O mesmo vale para todos os outros estudos realizados por Newton.
A matemática, por sua vez, é desenvolvida a partir do método dedutivo (veja a seguir) e do racionalismo.
PS: Às vezes, as pessoas dizem que Newton “descobriu a gravidade“, mas na verdade é mais preciso dizer que ele explicou a gravidade.
Além disso, certa vez Albert Einstein disse:
“Muitas pessoas pensam que o progresso da raça humana se baseia em experiências de natureza empírica, mas digo que o verdadeiro conhecimento deve ser obtido apenas através de uma filosofia da dedução. A intuição nos faz olhar para fatos não relacionados, e depois pensar sobre eles até que todos possam ser submetidos a uma lei.”
O que é Método Dedutivo?

Método dedutivo é uma forma de usar a inferência lógica.
Uma inferência lógica é uma conexão de uma primeira declaração (uma “premissa“) com uma segunda declaração (“a conclusão“).
Nesse sentido, as regras da lógica mostram que, se a primeira declaração for verdadeira, a segunda declaração também será verdadeira.
Então, ao final de uma inferência lógica será possível deduzir novos conhecimentos verdadeiros.
Esses novos conhecimentos são chamados conclusões dedutivas.
Por exemplo:
- Premissa: Sócrates é um homem, e todos os homens são mortais.
Conclusão: Sócrates é mortal. - Premissa: esse cachorro sempre late quando alguém está na porta, e ele não está latindo agora.
Conclusão: ninguém está na porta. - Premissa: João vai aonde Marcos vai, e Marcos foi à biblioteca.
Conclusão: João também foi à biblioteca.
Por fim, vale lembrar que o método dedutivo é a forma como os pensadores do racionalismo justificam suas proposições.
Pensadores do Racionalismo.

O fato de os principais filósofos dos séculos XVII e XVIII serem divididos entre racionalistas e empiristas tem implicações para os esquemas de classificação empregados na história da filosofia.
Nesse sentido, é comum sugerir que aqueles que estão sob um mesmo rótulo (empirismo ou racionalismo) compartilham dos mesmas ideias, e estão em oposição aos contrários.
Assim, Descartes, Spinoza e Leibniz são os principais racionalistas, em oposição a Locke, Berkeley e Hume, os empiristas britânicos.
Contudo, devemos adotar tais esquemas gerais de classificação com cautela.
Isso porque as opiniões dos filósofos individuais são mais sutis e complexas do que sugere a classificação simplória.
John Locke, por exemplo, rejeita o racionalismo em suas teses do Inatismo. No entanto, Locke aceita a tese da Intuição/Dedução para justificar o conhecimento da existência de Deus.
Além disso, Descartes e Locke têm visões semelhantes sobre a natureza de nossas idéias, apesar de Descartes considerar muitas delas inatas, enquanto Locke as vincula à experiência sensorial.
O Racionalismo de Descartes.

Como pensador do racionalismo, René Descartes dedicou sua vida a responder às seguintes questões filosóficas fundamentais:
- Como a mente humana adquire conhecimento?
- Qual é a natureza real da realidade?
- Como nossas experiências estão relacionadas a nossos corpos e cérebros?
Descartes acreditava que os seres humanos sabem algumas coisas de forma inata. Então, a partir delas, somos capazes de descobrir novos conhecimentos através da dedução.
Além disso, René Descartes acreditava que os métodos filosóficos ensinados nas escolas de seu tempo e usados pela maioria de seus contemporâneos eram profundamente falhos.
Nesse sentido, Descartes negou que a natureza do conhecimento fosse revelada pelos sentidos e suas sensações.
Por outro lado, ele sustentou que o intelecto humano é capaz de perceber a natureza da realidade através de uma percepção puramente intelectual.
Isso significa que, a fim de obter verdades fundamentais, antes devemos “retirar nossa mente dos sentidos“. Assim, seremos capazes prestar atenção às idéias inatas e na essências das coisas.
O que é Inatismo?

Inatismo é a crença de que existem conhecimentos inatos, que nos acompanham desde o início de nossa existência.
Esses conhecimentos fazem parte de nossa composição racional, e a experiência simplesmente desencadeia um processo pelo qual os compreendemos de forma consciente
Segundo René Descartes, por exemplo, o conceito de Deus como um ser infinitamente perfeito é inato.
Isso porque a ideia de um ser superior não foi adquirida através da experiência sensorial, e o seu conteúdo está além do que poderíamos construir através de nossas operações mentais.
Assim, os conhecimentos inatos (compartilhados por todos, de forma universal) são a base da intuição, do método dedutivo e do racionalismo.
O que é o Método Cartesiano?

O método cartesiano, descrito por René Descartes em seu livro Discurso Sobre o Método, é um dos pilares mais importantes do racionalismo.
Segundo as palavras do próprio Descartes, o método cartesiano é “um conjunto de regras confiáveis que são fáceis de aplicar e que, se as seguirmos com exatidão, nunca consideraremos o que é falso verdadeiro ou gastaremos inutilmente os esforços mentais, mas aumentaremos gradual e constantemente o conhecimento até chegar a um entendimento verdadeiro dentro de nossa capacidade”.
O que é Empirismo?
O empirismo é um sistema de pensamento no qual a única fonte de conhecimento válida é a experiência sensorial.
Nesse sentido, os empiristas rejeitam o método dedutivo – modelo proposto pelo racionalismo.
Assim, segundo o empirismo, a experiência sensorial é nossa única fonte válida de idéias.
Racionalismo vs. Empirismo.
Apesar das diferenças entre racionalismo e empirismo, nem sempre tais sistemas de pensamento estão em conflito.
É possível, por exemplo, ser racionalista na matemática, e empirista na física.
O debate entre racionalistas e empiristas foi resolvido em certa medida por Immanuel Kant, um dos filósofos mais influentes que já viveram.
A teoria de Kant era que o empirismo e o racionalismo eram ambos verdadeiros à sua maneira: ele concordou com os empiristas quando disse que todo o conhecimento humano vem da observação.
De acordo com ele, é assim que as pessoas aprendem sobre o mundo.
Mas nossas observações também se baseiam em certas formas inatas de raciocínio. Nossos cérebros, por exemplo, estão conectados para tirar certas conclusões da observação e raciocinar ainda mais de certas maneiras.
Então, ele também concordou com os racionalistas com o fato de que o conhecimento é determinado pela racionalidade.
Nesse sentido, racionalismo e empirismo só entram em conflito quando pretendem explicar o mesmo assunto.
Além disso, quando usados de forma descuidada, os rótulos “racionalista” e “empirista“, bem como o slogan “Racionalismo vs. Empirismo“, podem atrapalhar o avanço do nosso entendimento sobre o tema.
A Filosofia é mãe do Empirismo e Racionalismo, o Empirismo não pode afirmar que a (mãe) Filosofia não é Ciência; o Racionalismo não pode negar as verdades do Empirismo; o Empirismo não pode negar o Conhecimento Popular, ambos não podem negar a Ciência da Fé.