O que é Estoicismo? Descubra Com 12 Trechos Práticos

O que é Estoicismo?

A seguir, quero compartilhar contigo 12 trechos da filosofia estóica que explicam na prática o que é Estoicismo.

“Todos os homens, caro Galião, querem viver felizes. Mas, para descobrir o que torna a vida feliz, vai-se tentando, pois não é fácil alcançar a felicidade, uma vez que quanto mais a procuramos mais dela nos afastamos. 

Podemos nos enganar no caminho, tomar a direção errada. Quanto maior a pressa, maior a distância. Determinemos, em primeiro lugar, o que desejamos e, em seguida, por onde podemos avançar mais rapidamente nesse sentido.

Busquemos o melhor, não o mais comum. Busquemos as coisas boas, não na aparência, mas sólidas e duradouras, mais belas no seu interior. Devemos descobri-las. Não estão longe, serão encontradas, apenas se precisa saber quando as encontramos. 

No entanto, passamos como cegos ao lado delas, tropeçando no que desejamos”.

Sêneca, Da Felicidade.

A primeira vez que entendi o que é estoicismo foi há 10 anos, quando li “Sobre a Brevidade da Vida“, do Sêneca.

Naquele livro, algo incomum chamou minha atenção.

Apesar de milenares, os conselhos eram práticos e continuavam atuais.

Então, passei a aplicar os princípios da filosofia estóica na minha vida.

E senti na pele os benefícios de uma vida equilibrada.

O que é Estoicismo? Entenda Agora Com Trechos Selecionados.

A melhor forma de entender o que é Estoicismo é lendo trechos estóicos selecionados.

Muito bem. É exatamente essa a proposta deste artigo.

Veja a seguir o primeiro trecho, escrito por Marco Aurélio em seu famoso livro Meditações.

“Pense em seus muitos anos de procrastinação; como os deuses repetidamente concederam a você mais períodos de graça, dos quais você não aproveitou. 

Agora é hora de perceber a natureza do universo a que você pertence. E para entender que seu tempo tem um limite definido. 

Use-o, então, para avançar sua iluminação. Ou ele irá embora e nunca mais estará em seu poder novamente.”

Marco Aurélio, Meditações.

Além de filósofo estóico, Marco Aurélio foi um dos maiores Imperadores de Roma.

O trecho acima resume um dos princípios fundamentais sobre o que é estoicismo:

A Dicotomia do Controle.

Para entender o que é estoicismo, primeiro preste muita atenção nisso.

Os pensadores estóicos existem apenas dois tipos de eventos:

  1. Aquilo que está ao nosso alcance fazer;
  2. Eventos que estão fora do nosso alcance fazer.

A principal tarefa na vida é simplesmente esta: Identificar e separar os assuntos para que eu possa dizer claramente a mim mesmo quais eventos são coisas externas que não estão sob meu controle. E quais assuntos têm a ver com as minhas escolhas, que eu realmente posso controlar. 

Onde, então, procuro o bem e o mal? Não nos assuntos externos incontroláveis, mas dentro de mim, nas escolhas que são minhas.

Epiteto, Discursos

Veja Também Este Outro Trecho…

Acompanhe a seguir mais uma explicação sobre o que é Estoicismo escrita por Marco Aurélio:

“Se você trabalhar naquilo que está diante de você, seguindo a correta razão com seriedade, vigor, calma… Sem permitir que nada mais o distraia. Mas mantendo pura a sua parte divina, como se você devesse devolvê-la imediatamente.

Se você se apegar a isso, nada esperando, nada temendo. Mas satisfeito com sua atividade presente de acordo com a natureza, e com a verdade heróica em cada palavra e som que proferir, você viverá feliz. 

E não há ninguém que seja capaz de evitar isso.”

Marco Aurélio, Meditações.

Não é inspirador?

No trecho a seguir, o pensador Epicteto nos deixou um valioso ensinamento sobre algo que está sempre ao nosso alcance controlar, mas quase nunca fazemos:

As nossas próprias emoções.

Esse trecho também nos explica de forma clara o que é estoicismo.

E como podemos aplicar suas lições de forma prática em nossas vidas.

“Lembre-se, não basta ser agredido ou insultado para ser ferido. Você deve acreditar que está sendo ferido.

Se alguém consegue provocá-lo, perceba que sua mente é cúmplice da provocação. Por isso é essencial que não respondamos impulsivamente às impressões.

Pare um pouco antes de reagir e você achará mais fácil manter o controle.”

Epiteto, Manual para a Vida.

A seguir, preparamos um resumo para explicar o que é estoicismo.

A explicação foi dividida em 4 pilares.

O que é Estoicismo? Os 4 Pilares da Vida Equilibrada

A seguir, você poderá conferir 4 pilares do estoicismo para você aplicar ainda hoje na sua vida.

  1. A Dicotomia do Controle;
  2. Amor Fati;
  3. Memento Mori;
  4. Fuga Mundi.

Mas antes vamos responder de forma prática a pergunta que trouxe você até essa leitura: o que é estoicismo?

O que é Estoicismo?

Estóico é quem transforma medo em prudência, dor em transformação, erros em iniciação, desejo em execução“. – Nassim Taleb.

Estoicismo é uma escola milenar de filosofia fundada por volta de 300 a.C. na Grécia Antiga, por um homem chamado Zenão de Eleia.

“O amanhã existe apenas no pensamento. O ontem existe apenas na memória. O presente é o acaso construído pela consciência”.

– Zenão.

Zenão era um comerciante que teve a sorte de perder tudo, para então tornar-se aluno da escola cínica de filosofia.

Digo “sorte” porque foi justamente a adversidade temporária que o transformou em um dos maiores filósofos da história humana.

Quando Zenão começou sua escola de pensamento, ele não tinha dinheiro para comprar uma propriedade.

Por isso, ele se reunia com seus seguidores para discutir filosofia nas ruas de Atenas.

E fazia isso à sombra de um lugar chamado “Stoa Poikile“.

Daí o nome Estoicismo.

Ali, qualquer um era bem vindo para ouvir e debater ideias.

Agora que você já sabe o que é estoicismo, então confira a seguir 7 trechos que representam essa filosofia milenar.

1. Estoicismo: A Dicotomia do Controle.

“Para alcançar a liberdade e a felicidade, antes você precisa entender esta verdade básica: algumas coisas da vida estão sob seu controle e outras não”.Epicteto.

O conceito de controle é a base do estoicismo.

Nesse sentido, o primeiro segredo estóico para uma vida equilibrada é saber diferenciar:

  1. Aquilo que está ao seu alcance mudar daquilo que…
  2. Está fora do seu controle influenciar.

Dessa forma, Epicteto continua:

“Dentro de seu controle estão suas próprias opiniões, aspirações, desejos e as coisas que o repelem. Sempre temos uma escolha sobre o conteúdo e o caráter de nossa vida interior. Mas não está sob seu controle literalmente todo o resto. Assim, você deve se lembrar de que essas coisas são externas, que não são da sua conta”.

– Epicteto.

Segundo o estoicismo, quando conquistamos a compreensão dessa diferença nos tornamos capazes de concentrar nossa energia naquilo que realmente importa.

2. Amor Fati.

Os estóicos usavam o conceito de Amor Fati para aceitar o mundo como ele é.

Assim, preveniam que a sua paz mental fosse afetada por eventos que estavam fora do seu alcance controlar.

Amor Fati poderia ser traduzido como amor ao destino. Sobre isso, Marco Aurélio disse:

“Medo da mudança? Mas o que pode existir sem ela? Você consegue acender uma fogueira e, ao mesmo tempo, deixar a lenha como estava ante? Você pode cozinhar algo sem transformar a comida? Algum processo vital pode ocorrer sem que algo seja modificado? Você não vê? É o mesmo com você – a mudança é algo vital para a natureza.”

– Marco Aurélio.

Viver é mudar.

Tudo que aconteceu na sua vida fez você se tornar que você é – e não poderia ser de outra forma.

A vida é o fluxo entre o antes e o depois.

Uma sequência de transformações que podem te levar para melhor ou para pior.

E, na maior parte das vezes, essas transformações estão fora do nosso alcance controlar.

Por isso, o estoicismo nos orienta a amar a realidade como ela é.

Aceite o que deve ser aceitado, faça o que está ao seu alcance ser feito.

E aceite a experiência que o destino lhe trouxer como um presente precioso.

3. Memento Mori.

Segundo o estoicismo, Memento Mori é o ato de contemplar nossa própria finitude: um dia vamos morrer.

“Vamos preparar nossas mentes como se tivéssemos chegado ao fim da vida, pois não adiamos nada. Assim, temos de equilibrar os livros da vida todos os dias. Aquele que dá os retoques finais na sua vida a cada dia nunca fica sem tempo.”

Sêneca.

Num primeiro momento, essa ideia parece estranha para a maioria das pessoas.

Contudo, existe um benefício prático escondido nela.

O filósofo estóico Epicteto, por exemplo, sugere que nos lembremos diariamente de que um dia vamos morrer.

Isso porque, quando reconhecemos que nossa vida terá um fim, apreciamos cada momento de forma ainda mais intensa.

Assim, a ideia estóica de Memento Mori transforma algo destrutivo (como a morte, por exemplo) em uma ferramenta motivadora.

Ou seja, nada é mais estóico do que lembrar-se sempre que viver é uma oportunidade.

O imperador romando Marco Aurélio praticava o Memento Mori afim de guiar suas próprias ações. Nesse sentido, ele escreveu:

“Você poderia deixar a vida agora. Deixe essa ideia determinar o que se deve fazer, dizer e pensar”.

– Marco Aurélio.

Dessa forma, o estoicismo não vê na morte um conceito sombrio e doloroso.

Pelo contrário: morrer é uma parte inevitável do viver.

Um fato que deve ser abraçado e colocado em favor de uma vida bem vivida.

Memento Mori nos ajuda a dar prioridade ao que realmente importa, sem perder de vista que o tempo é um recurso finito.

4. Fuga Mundi.

Estoicismo: Fuga Mundi

Na antiguidade, os estóicos defendiam a fuga mundi como um modo de se defender das ilusões e frustrações causadas pela vida em sociedade.

Por isso, pensavam em viver próximos à natureza e, com ela, reaprender o fato de que tudo está morrendo.

Sêneca ensinou através do estoicismo como evitar tal final trágico:

“A maior parte dos mortais, Paulino, queixa-se da malevolência da natureza.

Dizem estamos destinados a apenas um momento da eternidade. E, segundo eles, o espaço de tempo que nos foi dado corre veloz. Tão rápido que, à exceção de poucos, a vida abandonaria todos em meio aos preparativos para a própria vida. 

Não é curto o tempo que temos, mas dele muito perdemos. A vida é suficientemente longa para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem.

Mas, quando ela se esvai no luxo e na indiferença. Quando não a empregamos em nada de bom… Então, constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nós sem que tivéssemos percebido. 

O fato é o seguinte: não recebemos uma vida breve, mas a fazemos. Nem somos dela carentes, mas esbanjadores. 

A vida se estende por muito tempo, para aquele que sabe dela bem dispor”.

Sêneca, Sobre a Brevidade da Vida. 

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